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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Ecumenismo - Vaticano II a grande guinada (Conclusão)

O Concílio Vaticano II foi a grande guinada no pensamento católico com relação à unidade de todos os cristãos. O anúncio da realização do Concílio feito pelo Papa João  em janeiro de 1959 apresentou seus objetivos quando falou de um aggiornamento, ou seja, uma renovação na Igreja.
Em 1960 é criado o Secretariado Romano para a Unidade dos Cristãos. E a partir da 3ª assembleia do CMI realizada na Índia, os observadores oficiais da Igreja passaram a participar e a grande mudança aconteceu em 1964 com a promulgação do Decreto Conciliar sobre ecumenismo Unitatis Redintegratio, pelo Papa Paulo VI .
A diferença desse Concílio para os anteriores com relação aos cristãos não católicos foi o tratamento dado pelo Papa João XXIII, quando convidou estas Igrejas para participarem do Concílio como irmãs ligadas a fé em Cristo. Vieram como hospedes do Papa e o resultado foi um sucesso, estiveram presentes 17 Igrejas de denominações diferentes.
Graças a esse novo agir da Igreja neste Concílio a questão do movimento ecumênico foi tratada de maneira inovadora, e podemos ver essa realidade no modo como o Vaticano II entendeu esta realidade quando afirma que o movimentos ecumênicos são “as atividades e iniciativas, que são suscitadas e ordenadas, segundo as várias necessidades da Igreja e oportunidades dos tempos, no sentido de favorecer a unidade dos cristãos” (UR 4), podemos considerar a eclesiologia do Vaticano II uma eclesiologia de comunhão.

Graças ao Vaticano II surgem os frutos, em 1982 dá-se início concomitantemente o CLAI (Conselho Latino-Americano de Igrejas) e o CONIC (Conselho Nacional das Igrejas Cristãs) no Brasil. O CONIC hoje conta com a participação de seis Igrejas sendo elas:
• Igreja Católica Ortodoxa
• Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil
• Igreja Presbiteriana Unida
• Igreja Episcopal Anglicana
• Igreja Cristã Reformada
• Igreja Católica Romana

É o CONIC que promove um evento que é fundamental para o espírito ecumênico: A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que vai do domingo da Ascensão até o domingo de Pentecostes.

Fundamentos que nos unem

A base da unidade dos cristãos é o Batismo, isso significa que podemos aplicar aos cristãos não católicos o que o Catecismo da Igreja Católica diz sobre o batismo.
• O batismo nos faz membros do corpo de Cristo e membros uns dos outros.
• Os batizados participam do sacerdócio de Cristo, de sua missão profética e régia.
• A Trindade dá ao batizado a graça santificante, concede-lhe o poder de viver e agir sob a moção do      Espírito Santo.
• Das fontes batismais nasce o único povo de Deus.

Como não é possível fazer uma lista de Igrejas em que podemos considerar válido o batismo, existem algumas exigências para o reconhecimento do Batismo.
Que seja feito com água e que a Igreja manifeste a fé na Trindade e batize em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Pecados contra o ecumenismo

• Desconhecimento da doutrina da Igreja sobre o assunto. Devemos levar em consideração que a promulgação do decreto conciliar sobre ecumenismo foi há quase 50 anos e por isso os cristãos católicos devem conhecê-lo, além de inúmeros documentos da Igreja que trabalham o ecumenismo.
• Preconceitos criados ao longo da história em que muitos cristãos católicos evitam a aproximação dos irmãos de outra denominação cristã.
• Julgar uma Igreja pelo comportamento de alguns membros. Estamos sempre prontos a dizer que o (a) fulano (a) que fez errado representa toda Igreja, e isso não é verdade, caso quando um de nós erramos, a Igreja toda esta errada?
• Aprender sobre a doutrina para debater com irmãos separados.
• Negar a própria identidade para ser simpático. Só quem tem bem definida a identidade pode oferecer uma contribuição ao diálogo.

Problemas que podem acontecer


Lidamos com seres humanos e com certeza iremos esbarrar nos seus limites, exemplo:
• Contra aqueles que não querem ser ecumênicos
Existe grupo de denominações cristãs que nos acusam de idolatria e condena as práticas católicas. Diante deles não podemos agir com reciprocidade, ou seja, atacá-los da mesma forma, mas o melhor é tratar bem, usar de serenidade, maturidade, paciência que são a essência da caridade. Agindo assim estamos evangelizando.
• Nos pontos divergentes na doutrina
Se ecumenismo é a busca da unidade por meio do diálogo e essas divergências ocorrem o que cabe a nós é simplesmente orarmos pela unidade, superar preconceitos e amar, pois a plena unidade visível das Igrejas Cristãs acontecerá quando todos nós deixarmos o Espírito Santo agir.

Conclusão

Perpassamos elementos importantes, como a compreensão eclesiológica, o significado do termo ecumênico e o avanço dado pela Igreja com relação a a realidade eclesial após o Concílio Vaticano II.
Podemos concluir que o movimento ecumênico é uma esperança de unidade institucional das Igrejas e que neste contexto de unidade a eclesiologia de comunhão do Vaticano II é um ponto de convergência para as outras denominações cristãs.
Nesse modelo, a comunhão não é legitimação da divisão existente, mas o reconhecimento recíproco na Palavra de Deus, no sacramento e no serviço. Entretanto, esse modelo pode determinar as relações ecumênicas das Igrejas tendo como finalidade uma comunhão de Igrejas, em que cada uma dessas Igrejas possa se realizar no sentido pleno de ser Igreja.
Ecumenismo não é de forma alguma um resultado sincretista, mas um movimento suscitado pelo Espírito Santo com vista de restabelecer a unidade dos cristãos, afim de que o mundo creia em Jesus Cristo.
E podemos ir além, dizendo que o ecumenismo é uma atitude da mente e do coração que nos impele a olhar nossos irmãos cristão separados com repeito, compreensão e esperança, é um esforço do amor cristão no sentido de dar e receber testemunho do Evangelho.


Bibliografia

ANTONIO DE SOUZA, Rui; Mundo Jovem, nº 343, fevereiro de 2004, p.19.

BESEN, José Artulino, O universo religioso: as grandes religiões e tendências religiosas atuais, São Paulo: Editora Mundo e Missão, 2008.

ALMEIDA, Antonio José de, Sois um em Cristo Jesus, São Paulo; paulinas, Valência, SP; Siquem, 2004. (Coleção livros básicos de teologia; 8.1).

TEIXEIRA, Faustino; MOTA DIAS, Zwinglio; Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso; Aparecida, SP: Editora Santuário, 2008.

CATECISMO da Igreja Católica. São Paulo: Edições Loyola, 1999.

DEI VERBUM, 16ª Ed. São Paulo: Paulinas, 2009.

JOÃO PAULO II Carta encíclica “Ut unum sint” do santo padre João Paulo II sobre o empenho ecumênico. 2ª Ed. São Paulo: Paulinas, 1995.

Leia também:

Ecumenismo, eclesiologia de comunhão (1ª parte)
O significado do termo ecumênico (2ª parte)
Fé, resposta humana a Deus











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