A palavra ecumênico vem do termo grego oikoumene que significa mundo habitado, porém,
no processo histórico a palavra vai sofrendo transformações no seu significado.
Este termo começa a ser usado no final do século IV a.C., e o primeiro conceito está relacionado ao sentido geográfico referindo-se a todo mundo helenizado, ou seja, todo território conquistado por Alexandre Magno era a oikoumene[1].
Este termo começa a ser usado no final do século IV a.C., e o primeiro conceito está relacionado ao sentido geográfico referindo-se a todo mundo helenizado, ou seja, todo território conquistado por Alexandre Magno era a oikoumene[1].
Mas logo o
sentido da palavra começa a ser usado para designar o homem helenizado, isto é,
devido as conquistas de Alexandre abarcar diversas culturas surge a necessidade
de dar unidade ao império grego, é neste contexto que nasce ideal do homem helênico, dando origem a oposição
entre o homem helênico considerado culto, civilizado ao bárbaro tido como o
ignorante, desta forma o ignorante estava além das fronteiras da oikoumene, é deste contexto que resulta o sentido cultural da palavra[2].
Com a queda do Império grego os Romanos começaram a
expandir seus territórios e impor sua forma de governar sobre as terras conquistadas, a partir daí o
termo oikoumene adquiri um sentido
político complementando o significado do termo usado pelos gregos.
No século IV d.C., a palavra oikoumene é
introduzida na literatura eclesiástica, o Concílio de Constantinopla (381 d. C.)
refere-se ao Concílio de Nicéia (325 D.C.) como concílio ecumênico, e a partir
deste momento a palavra passa designar as doutrinas da Igreja dotadas de
validade universal, é nesse sentido que o termo adquire sentido eclesiástico.
A dimensão religiosa do termo vai surgir no século
XVII d.C., após a Reforma Protestante. Os conflitos entre os cristãos
protestantes e católicos causavam terror devido a grande violência, diante de
tal situação, no desejo de buscar uma iniciativa para a solução destes
conflitos o matemático e físico luterano João Guilherme Leibniz mantém contato
por cartas com Bossuet, bispo de Meaux na França e foi através destas
correspondências que a palavra ecumênico adquiriu dimensão religiosa apontando
para a universalidade da Igreja de Cristo, um só Senhor e um só rebanho[3].
Após
a análise do significado da palavra ecumênico é pertinente saber que a origem
do movimento ecumênico é protestante, depois terá a participação das
Igrejas Ortodoxas e após o Concílio Vaticano II contará com a colaboração da
Igreja Católica Romana.
O movimento
Ecumênico surge em meados do século XIX, em torno de três eixos vitais da
vivência cristã: a missão, a ação e a
doutrina. Essas realidades tendem a unificação dos missionários cristãos protestantes.
O movimento vai
começar em forma de conferências e para manter a continuidade e assegurar as
decisões das conferências surgem às comissões[4].
A conferência de
1900 em Nova York intitulou-se ecumênica devido seus membros buscarem uma
evangelização que visava alcançar o mundo todo.
Esta conferência
vai ser o ponta pé inicial para a
conferência de Edimburgo em 1910, onde foram trabalhados temas como Evangelho
no mundo, mensagem missionária e religiões não cristãs. Em Edimburgo o
termo ecumênico não foi utilizado pelo fato de haver somente protestantes.
Também não houve a participação dos protestantes latino-americanos na conferência de Edimburgo devido seus promotores acharem que a
America latina já estava evangelizada pelos católicos, isso contrariou os missionários
latinos e em reação a esta conferência em 1916 realizaram um Congresso
Missionário no Panamá.
A conferência de
Edimburgo resulta no Conselho Missionário Internacional criado em 1921 e a
partir daí surgi diversas conferências com a mesma temática da Missão e Unidade[5].
Em 1920 depois da
6ª Conferência de Lambeth, os
anglicanos reformulam o artigo quatro, relacionado ao episcopado histórico para
a aceitação das Igrejas não episcopais, isso porque os Anglicanos tinham uma
atenção particular sobre a doutrina de base comum.
Os ortodoxos no
início do século XX entre os anos 1902 e 1904 vão mostrar-se interessados no
movimento ecumênico protestante e o Patriarca de Constantinopla se mostra a
favor de uma colaboração com as Igrejas
não ortodoxas.
Em 1920, o
Patriarcado de Constantinopla propõe uma “Liga das Igrejas”. Esse desejo de
unidade manifestado pelos ortodoxos foi vital para passarem a participar das
diferentes atividades com os cristãos não ortodoxos e resultou em 1961 na participação como membros da CMI.[6].
Com o fim da II Guerra mundial, o mundo vivia um pós-guerra, a vida social e econômica
estava dilacerada, por isso, a ação conjunta dos cristãos para a solução desses
problemas era essencial.
Em 1948 diversos
movimentos unem-se e formam o Conselho
Mundial das Igrejas (CMI), esta decisão se deu na conferência de Amsterdam
(Holanda). Nesta conferência estavam presentes 147 Igrejas Protestantes,
Anglicanas e Ortodoxas que aceitaram se reunir sob a seguinte base comum: “O Conselho Mundial das Igrejas é uma
associação fraterna de Igrejas que aceitam nosso Senhor Jesus Cristo como Deus
e Salvador” [7].
Até esse momento
a Igreja Católica se mantém afastada oficialmente, mas em 1949 com o documento
Santo Ofício intitulado Ecclesia Sancta,
demonstra o desejo de mudança. Nesse documento a Igreja Católica reconhece os
esforços ecumênicos das demais Igrejas. A grande mudança estava ainda por vir,
com o Papa João XXIII[8].
[1]
TEIXEIRA, Faustino; MOTA DIAS, Zwinglio; Ecumenismo
e Diálogo Inter-Religioso; Aparecida, SP: Editora Santuário, 2008. p 23.
[2] Ibid.
p. 25
[3] Ibid.
p.27.
[4] Ibid,
p.28.
[5] TEIXEIRA,
Faustino; MOTA DIAS, Zwinglio; Ecumenismo
e Diálogo Inter-Religioso; Aparecida, SP: Editora Santuário, 2008. p. 29.
[6] Ibid, p. 33.
[7] Ibid, p. 36.
[8] Ibid, p. 40.
Leia também:
Ecumenismo, eclesiologia de comunhão
Compaixão ou Religião
Empapados em Cristo
Leia também:
Ecumenismo, eclesiologia de comunhão
Compaixão ou Religião
Empapados em Cristo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui um comentário