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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Síntese Estudos da CNBB 104 - “Comunidades de comunidade: uma nova paróquia” - 2ª parte

CAPITULO IV PERSPECTIVAS PASTORAIS

É urgente que a paróquia se torne, cada vez mais, comunidade de comunidades vivas e dinâmicas de discípulos missionários de Jesus Cristo.
A renovação paroquial depende da atenção dada ao princípio comunitário da fé. Agora passamos a fazer uma reflexão pastoral com alguns indicativos para a urgente renovação das comunidades paroquiais.
4.1. Recuperar as bases da comunidade cristã - Nos Atos dos Apóstolos, pode ser visto o retrato da primeira comunidade cristã: eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, no partir do pão e nas orações (cf. At 2,42). Há critérios para reconhecer uma comunidade seguidora de Jesus Cristo: Trata-se do múnus profético, sacerdotal e real.
a) Múnus Sacerdotal - Viver da Palavra - A Palavra de Deus ilumina o compromisso com a rede de comunidades e faz pulsar a vida do Espírito nas artérias da Igreja e em meio ao mundo. Uma excelente pedagogia, para aprofundar a relação com a Palavra de Deus, encontra-se nos passos da Leitura Orante da Bíblia: “a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada de oração para que seja possível o diálogo entre Deus e o homem”. Outro desafio está na preparação aos sacramentos. A catequese “tem de ser impregnada e embebida de pensamento, espírito e atitudes bíblicas e evangélicas, mediante um contato assíduo com os próprios textos sagrados”. Só haverá revitalização das comunidades com uma catequese centrada na Palavra de Deus, expressão maior da animação bíblica da pastoral.
b) Múnus Sacerdotal - Viver da Eucaristia - A celebração da Eucaristia é o ponto alto das primeiras comunidades cristãs, que celebram a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte. A Eucaristia é escola de vida cristã. Isso se realiza também com a adoração do Santíssimo Sacramento que é o prolongamento da celebração eucarística. É importante ainda a valorização do Sacramento da Reconciliação, a fim de que toda comunidade se converta sempre mais ao seu Senhor e possa servi-lo melhor, especialmente no cuidado com os pobres. Necessário valorizar mais o domingo, como o Dia do Senhor, em que a família cristã se encontra com o Cristo. O domingo, para o cristão, é o dia da alegria, do repouso e da solidariedade. Não haverá renovação paroquial sem redescobrir a beleza da fé que vence o individualismo, impulsionando a comunidade a superar a mentalidade de viver uma religiosidade sem compromisso eclesial.
c) Múnus real- Viver na caridade - A Igreja, expressão da Trindade, é a comunidade da caridade. O amor ao próximo é um dever de toda a comunidade eclesial. “A prática da caridade e da solidariedade exige de todos participação política e o reconhecimento de que a vida econômico-social deve estar a serviço da pessoa humana”. As pessoas têm sede de vida e de felicidade em Cristo. Isso requer voltar-se para aqueles que vivem em condições de vulnerabilidade (SITUAÇÃO DE RISCO), abandonados em sua miséria e em sua dor. Toda paróquia renovada, como rede de comunidades, há de proclamar que Jesus é o Senhor da Vida e que traz a vida em abundância para todos (cf. Jo 10,10).
A comunidade de comunidades é o desafio lançado desde a conferencia episcopal de Puebla e Santo Domingo e que agora o documento de Aparecida enfatizou com mais veemência e vemos com mais evidencia nas Diretrizes da Ação Evangelizadora que a paroquia para se tornar uma verdadeira comunidade de comunidades tem de encarar com muita seriedade os desafios da nova evangelização com muita criatividade, respeito mutuo, a sensibilidade para o momento histórico e a capacidade de agir com rapidez
a) A setorização da paróquia - A grande comunidade, praticamente impossibilitada de manter os vínculos humanos e sociais entre todos, pode ser setorizada em grupos menores que favoreçam uma nova forma de partilhar a vida cristã. A setorização é um meio. Não basta uma demarcação de territórios, é preciso identificar quem vai pastorear, animar e coordenar esses setores, pequenas comunidades. Sem essa preparação, a simples setorização não renova a vida paroquial. Diversas experiências de setorização das paróquias já ocorrem em todo o Brasil. Na maioria delas, a região pastoral é dividida em pequenos grupos que podem se conhecer e se visitar. Em cada grupo, escolhem-se lideranças que animem e façam suscitar novos agentes da comunidade. A formação das lideranças e o apoio da paróquia a essas comunidades são imprescindíveis. Nessa instância, podem ser desenvolvidos muitos serviços e ministérios: o cuidado aos doentes, a visita aos migrantes, a catequese, a celebração da Palavra, o acompanhamento dos enlutados, a devoção mariana, a preocupação com os pobres, a preparação para Natal e a Páscoa, a preparação ao Sacramento do Batismo, a Leitura Orante da Bíblia, a celebração dos aniversários e as confraternizações.
b) Revitalização da comunidade - A revitalização das comunidades, com a renovação paroquial, implica muito mais do que a setorização e a integração das comunidades, dos movimentos e dos grupos. Será preciso uma verdadeira conversão pastoral de todos. A revitalização exige, também, que as pessoas tenham a alegria de se reunirem em torno da Palavra de Deus, especialmente com a Leitura Orante da Bíblia, para que a Palavra determine a caminhada do pequeno grupo. A vida das pequenas comunidades, revitalizadas pela Palavra e alimentadas pela Eucaristia, será o primado do ser sobre o fazer.
A conversão pastoral depende de uma conversão pessoal a Cristo. Só assim será possível ultrapassar uma pastoral de mera conservação ou manutenção, para assumir uma pastoral decididamente missionária; Para que essa realidade aconteça, os bispos, os presbíteros e todo o Povo de Deus precisam assumir sua responsabilidade na revitalização das comunidades.
a) Conversão dos ministros da comunidade - A renovação paroquial depende de um renovado amor à pastoral que os padres podem e devem exercer como expressão da sua própria existência sacerdotal. Os Bispos serão os primeiros a fomentar, em toda Diocese, essa revitalização das comunidades que contribui para a renovação paroquial. Eles são chamados a estimular e apoiar a revitalização das comunidades de suas Dioceses. Eles são os primeiros responsáveis para desencadear o processo da renovação das paróquias, especialmente na missão em direção aos afastados. Os presbíteros, sobretudo o pároco, serão os agentes da revitalização das comunidades. A renovação paroquial requer novas atitudes dos párocos e dos padres que atuam nas comunidades. Em primeiro lugar, o pároco precisa ser um homem de Deus que fez e faz uma profunda experiência de encontro com Jesus Cristo. A revitalização da comunidade supõe que o pároco estimule a participação ativa dos leigos de sua paróquia. Caberá também ao pároco reconhecer as novas lideranças e multiplicar o número de pessoas que realizam os diferentes ministérios nas comunidades. Não raras vezes, quando ocorre a transferência do pároco, tudo é mudado na comunidade. A conversão pastoral, ao permitir maior participação do leigo, há de superar esse sério problema, respeitando o plano de pastoral paroquial em sintonia com o plano diocesano de pastoral.
b) Protagonismo dos cristãos leigos - A conversão pastoral da paróquia em comunidade de comunidades supõe o protagonismo dos leigos. O empenho para que haja a participação de todos nos destinos da comunidade supõe reconhecer a diversidade de carismas, de serviços e de ministérios dos leigos.
Transformar as estruturas
A conversão pastoral supõe considerar a importância dos processos participativos de todos os membros da comunidade. Para desencadear essa participação, é preciso estimular o funcionamento dos conselhos comunitários e paroquiais de pastoral, bem como a assembleia paroquial. Igualmente, o conselho de assuntos econômicos da paróquia é determinante para o bom funcionamento e planejamento financeiro da comunidade. Integrado ao conselho paroquial de pastoral, o conselho de assuntos econômicos saberá planejar o investimento de recursos nas urgências e não apenas nos recursos materiais da comunidade. Não pode haver dissonância entre o conselho paroquial de pastoral e o de assuntos econômicos. Para isso, o conselho paroquial de pastoral será formado por discípulos missionários. O conselho de assuntos econômicos, junto com toda a comunidade paroquial, trabalhará para obter os recursos necessários de maneira que a missão avance e se faça realidade em todos os ambientes. Para tanto, é urgente superar a mentalidade que prioriza construções e obras materiais e abdica de investir na formação das pessoas. Os leigos precisam ser apoiados, em suas comunidades, seja para a realização de cursos e encontros, seja para manter a unidade com a Diocese, seja para aprofundar o conhecimento de seu serviço e de pastoral. A questão da manutenção também exige novas posturas. Comunidades e paróquias sentem o peso econômico para o sustento das estruturas pastorais. Será preciso desenvolver fundos de solidariedade entre as paróquias e as comunidades da Diocese. Paróquias mais antigas e estáveis economicamente têm o dever missionário de partilhar seus recursos, para que outras comunidades possam crescer e se estabelecer. Não se trata apenas de uma partilha esporádica, mas de uma forma organizada de ajuda mútua entre as comunidades da mesma paróquia e entre as paróquias da Diocese. .
A transmissão da fé: novas linguagens
É também importante promover uma comunicação mais direta e objetiva, principalmente, nas homilias alicerçadas na Palavra de Deus e na vida. Isso implica cuidar do conteúdo e das técnicas de comunicação. Comunidade missionária é comunidade acolhedora. Diante do grande número de batizados afastados da vida comunitária, urge exercer melhor a acolhida, dialogando e propondo caminhos para aqueles que se sentem distanciados do caminho. Muita gente procura os sacramentos, mas vive afastada da comunidade. Essa é uma importante oportunidade de aproximar os afastados.
Proposições
Os Bispos, em 2012, falando sobre a Nova Evangelização, alertou que os novos contextos não implicam inventar novas estratégias para apresentar melhor o Evangelho, como se fosse um novo produto. Muito mais que isso, se trata da importante tarefa de promover o encontro das pessoas com Jesus Cristo, para que renovem sua fé e acolham sua proposta de vida.
a) Criatividade - Usar a criatividade para atender melhor as pessoas que vivem em diferentes ritmos da vida diária. Adaptar-se aos horários do movimento urbano: missas ao meio-dia, atendimento do padre à noite, catequese de crianças e adultos em horários alternativos, especialmente nas grandes cidades. Valorizar a beleza e a simplicidade dos espaços da comunidade, pois o ser humano vive marcado pela cultura do belo. Oferecer espaços para a meditação, a adoração ao Santíssimo, a oração pessoal. Criar clima favorável e tempos propícios para quem procura as comunidades cristãs.
b) Pequenas comunidades - Procurar criar novas comunidades a partir de grupos que se reúnem para viver a sua fé, alimentar sua espiritualidade e crescer na convivência. A setorização pode ser estabelecida pela vizinhança do bairro ou pelos moradores de condomínios, mas também por afinidades sem delimitação territorial, como jovens, universitários, idosos, casais, etc. O importante é criar comunidades com pessoas que se integrem para melhor viver a fé cristã.
c) Ministérios leigos - Para que as comunidades possam ser bem atendidas aos leigos podem ser confiados ministérios e responsabilidades “para prestar auxílio a toda a iniciativa apostólica e missionária da sua comunidade eclesial”. Destaque especial deve ser dado ao ministério da Palavra, por meio do qual homens e mulheres tornam-se autênticos animadores de comunidades. Para cumprir sua missão, eles precisam estar bem preparados, isto é, terem sólida formação doutrinal, pastoral e espiritual. Os melhores esforços das paróquias precisam estar voltados à convocação e a formação dos leigos das comunidades.
d) Formação - A renovação da paróquia e das comunidades depende de agentes de pastoral preparados para essa nova mentalidade. É necessário reforçar uma clara e decidida opção pela formação de todos os membros das comunidades. Hoje, é indispensável a interação na qual a pessoa não é apenas informada, mas aprende a formar-se junto com os outros. Métodos, pedagogias interativas e participativas precisam ser desenvolvidos entre as lideranças cristãs, para que promovam a participação na comunidade. Essas metodologias devem considerar especialmente a prática das comunidades e as experiências de vida das pessoas, formando a consciência sobre o valor da vida comunitária para a fé cristã.
e) Catequese de Iniciação à vida cristã - Para que as comunidades sejam renovadas, a catequese deve ser uma prioridade. A catequese, como iniciação à vida cristã, ainda é desconhecida em muitas comunidades. Trata-se de passar da catequese como instrução e adotar a metodologia catecumenal, conforme a orientação do Ritual da iniciação cristã de adultos (RICA) e do Diretório Nacional da Catequese. Isso implica em rever os processos de catequese das crianças, dos adolescentes, dos jovens e dos adultos. É indispensável seguir as etapas do RICA.
f) Jovens - A paróquia precisa ter abertura para a presença e a atuação dos jovens na vida das comunidades. Tal atitude exige fazer uma opção afetiva e efetiva pela juventude, considerando suas potencialidades. Para isso, é importante garantir espaços adequados para ela nas paróquias, com atividades, metodologias e linguagens próprias, assegurando o envolvimento e a participação dos jovens nas comunidades.
g) Liturgia - Propiciar que a celebração eucarística seja compreendida como um real encontro de Cristo com sua comunidade reunida. Cuidar da beleza da liturgia significa ficar atento aos cânticos, aos símbolos e aos ritos dos sacramentos. As celebrações litúrgicas favoreçam a linguagem do Mistério, o que implica não exceder nas falas, explicações e comentários. Tal função da liturgia haverá de se dar pela escuta da Palavra de Deus. Especial importância adquire a homilia centrada nas leituras da Bíblia, proclamada na celebração e comprometida com a realidade. Ela precisa ser breve e capaz de falar com a linguagem dos homens e das mulheres da cultura atual. Pela homilia, a comunidade é levada a descobrir a presença e a eficácia da Palavra de Deus em sua vida. Quem recebe a missão de pregar evite discursos genéricos e abstratos, que ocultam a simplicidade da Palavra de Deus, ou divagações inúteis que ameaçam atrair a atenção mais para o pregador do que para a mensagem evangélica. Isso implica preparar a homilia com meditação e oração, a fim de pregar com convicção e paixão.A valorização da piedade popular nas comunidades é importante. O Papa Bento XVI estimulou-nos a promovê-la e a protegê-la. Entretanto, é preciso aprofundar as devoções para que conduzam à experiência do mistério pascal, na centralidade de Jesus Cristo, numa vivência religiosa integrada na Igreja. Muitas devoções podem ficar reduzidas a manifestações de religiosidade com pouco ou nenhum vínculo eclesial. Nas pequenas comunidades, há muito espaço para viver criativamente a piedade popular: a devoção à Virgem Maria, as novenas, os círculos bíblicos, as preparações para o Natal e à Páscoa e as Vias-Sacras são exemplos da riqueza que pode ser aproveitada na vida das pequenas comunidades; são atividades que podem ser coordenadas por leigos e leigas.
h) A caridade - A comunidade cristã há de marcar sua presença pública no serviço em favor e no cuidado da vida. A paróquia evangeliza através do exercício da caridade. Sem dispensar as muitas iniciativas já existentes na prática da caridade, as paróquias devem cuidar para acolher fraternalmente a todos, especialmente aqueles que estão caídos na beira do caminho. Dependentes químicos, migrantes, desempregados, dementes, moradores de rua, sem-terra, doentes e idosos abandonados são alguns rostos que clamam para que a comunidade lhes apresente, concretamente, as atitudes do Bom Samaritano. Valorizar a família, santuário da vida, os grupos de casais que se apoiam mutuamente, promovendo encontros entre as famílias, são exemplos de iniciativas para conscientizar as pessoas sobre a importância da família na vida de cada um. Acolher, orientar e incluir nas comunidades aqueles que vivem numa outra configuração familiar são os desafios do presente.
i) Perdão e Acolhida - A acolhida é uma atitude que toda comunidade renovada há de cultivar. Acolher melhor é uma tarefa urgente de todas as comunidades paroquiais, especialmente nas secretarias, superando a burocracia, a frieza, a impessoalidade e estabelecendo relações mais personalizadas. Muitas pessoas procuram a Igreja nos momentos difíceis. A comunidade cristã precisa acolhê-las com carinho para superar os desafios que despersonalizam o cidadão. Disso decorre a necessidade de oferecer, com maior frequência, o Sacramento da Reconciliação aos fiéis. Assim, as conversões e as mudanças de vida serão acompanhadas pela graça sacramental. O atendimento individualizado oportunizará um acompanhamento espiritual e uma orientação para a vida em comunidade. Daí a necessidade de ampliar os espaços e tempos do padre para atender mais às pessoas que buscam a comunidade. Essa missão depende da urgente alteração da agenda do pároco que pode delegar funções administrativas para leigos. Igualmente, é importante cuidar da pastoral da acolhida, da escuta e do aconselhamento. O que implicará preparar pessoas leigas e consagradas que tenham o dom de escutar para acolher aqueles que procuram a comunidade. O aconselhamento pastoral com pessoas habilitadas é uma urgência nas paróquias.É urgente pensar em atrair aqueles que se afastaram da comunidade ou os que a concebem apenas como uma referência para serviços religiosos. Ocasião especial para acolher os afastados pode ser: a iniciação à vida cristã dos adultos; a preparação de pais e de padrinhos para o batismo de seus filhos; a preparação de noivos para o Sacramento do Matrimônio; as exéquias; e a formação de pais de crianças e de jovens da catequese. Há também a necessidade de dialogar com as pessoas que se interrogam sobre Deus e sobre o sentido da vida. Isso implica abrir instâncias de diálogo com a cultura atual.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Jesus Cristo é nossa razão de ser, origem de nosso agir, motivo de nosso pensar e sentir. Nele, com ele e a partir dele mergulhamos no mistério trinitário, construindo nossa vida pessoal e comunitária
236. A paróquia é a grande escola da fé, da oração, dos valores e dos costumes cristãos. Nela vive a Igreja reunida em torno do Senhor. Ela existe para unir os cristãos ao seu Senhor e atrair muitos outros para essa grande família de Deus, a Igreja: sacramento da salvação. Afinal, a paróquia continua sendo uma referência importante para o povo cristão, inclusive para os não praticantes. Ela pode se tornar um farol sempre mais luminoso, especialmente em tempos de incertezas e inseguranças. Na paróquia, cada pessoa deveria ter a possibilidade de fazer o encontro com Jesus Cristo e integrar-se na comunidade dos seus seguidores.
237. A paróquia, contudo, precisa de uma renovação urgente. As mudanças da realidade clamam por uma nova organização, especialmente articulada em pequenas comunidades, capazes de estabelecer vínculos entre as pessoas que convivem na mesma fé. Entretanto, mesmo setorizada, a paróquia depende de uma nova evangelização, de uma ousadia missionária capaz de fortalecer o testemunho e estimular o anúncio. Isso implica renovar o ministério do pároco, pastor e animador do povo que lhe foi confiado. Ele precisa promover a participação dos leigos na vida e nas decisões da comunidade. Sugere, também, que se favoreçam os ministérios e os serviços na comunidade.
238. A paróquia como comunidade de comunidades, precisa integrar as comunidades religiosas, as associações religiosas, as CEBs, os movimentos, as pastorais sociais, as novas comunidades de vida e de aliança, os hospitais, as escolas e as universidades, além das comunidades ambientais. Para que todos vivam na pluralidade da experiência de fé, na diversidade de carismas e de dons, a unidade indispensável à vida cristã. Os dois grandes desafios que se impõem são acolher essas múltiplas formas de vida cristã como uma riqueza de dons que o Espírito Santo oferece à Igreja e manter unidos os diferentes grupos, para que, em tudo, a caridade de Cristo seja testemunhada publicamente.
239. Finalmente, é preciso olhar para o futuro da paróquia, como comunidade de comunidades, com esperança de vencer o vazio e o deserto de muitas pessoas. A crise de valores é notável. E, apesar de o Brasil ter muita expressão de religiosidade, também aqui se percebe o quanto a fé não decide mais os destinos da vida social e da pessoal. Vive-se um tempo de buscas, mas com base em decisões privadas de referências da fé.
240. Confiando na ação do Espírito Santo, as paróquias têm condições de compreender que esse é o tempo oportuno para uma nova evangelização. Há muita sede e, em Cristo, há a água que sacia toda sede humana. Compete a elas, como rede de comunidades, facilitar o acesso a essa Água Viva. Feliz a comunidade que é um poço dessa Água Viva, do qual todos podem se aproximar para saciar sua sede.
241. Como no tempo dos apóstolos, a Mãe da Igreja permanece unida a todos aqueles que perseveram na comunhão fraterna, na fração do pão e na oração, suplicando que o Espírito Santo conduza os caminhos da nova evangelização. Sob o olhar da Mãe de Deus, a Senhora Aparecida, a Igreja no Brasil renova a sua esperança de cumprir a vontade do Pai, na fidelidade a Jesus Cristo e na força do Espírito Santo, para que nossas paróquias sejam, de fato, comunidade de comunidades.
242. Acreditando que para Deus nada é impossível, é importante vencer o pessimismo da situação. Ele mesmo renova todas as coisas. É hora de renovarmos as paróquias para que se organizem em comunidades e favoreçam as multiformes manifestações da vida cristã. Uma nova realidade implica um novo entusiasmo por Deus e por seu Reino, isto é, uma nova evangelização, alinhada com a renovação espiritual e a conversão pastoral. Somos uma Igreja em caminho que sabe onde deve aportar: a Santíssima Trindade, onde Deus será tudo em todos (cf. 1Cor 15,28).

Texto. Pe Raimundo Santana
postado por: www.diocesecampomourao.com.br

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