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sábado, 8 de março de 2014

São João de Deus, rogai por nós

João de Deus nasceu em 1945 na vila notável de  Montemor-o-Novo, Portugal. Cresceu num lar cristão, porém aos oito anos de idade um fato marcante ocorreu em sua vida. Seus pais deram hospitalidade a um "clérigo" e no dia seguinte, João seguiu com o clérigo em direção ao país vizinho, deixando para trás seus pais. Esta estranha "fuga" até hoje ninguém conseguiu explicar de forma satisfatória.
João de Deus foi acolhido por uma família em Oropesa e na sua adolescência dedicou-se a guardar rebanhos. Devido ser um trabalho muito vulgar no seu tempo sonhava em irromper horizontes novos e por isso decidiu seguir a carreira militar. Na vida militar também não obteve êxito e o primeiro fato foi quando ofereceu-se para ir buscar provisões para as tropas do seu destacamento "montou numa égua que tinha tomado dos inimigos" e como, não levava freio a égua disparou em galope e o derrubou deixando gravemente ferido. Mesmo ferido conseguiu retornar ao acampamento,depois desse episódio quase foi condenado a forca por ter perdido os despojos de guerra que deixou roubar. Foi expulso, ficando na miséria total.
Silenciando-se por nove anos João voltou aos exércitos e foi combater os Turcos. Quando retornou do combate ao desembarcar em La Coruña  lembrou-se de seus pais e foi procurar notícías sobre eles. Quando descobriu que estavam mortos, mais uma vez João de Deus sentiu a experiencia do vazio.
Depois disso foi para Sevilha e lá voltou a vida de pastor, mas não era aquilo que queria por isso influenciado por um nobre fidalgo partiu com ele e sua  família para Celta e trabalhou na construção de uma muralha, mas o nobre fidalgo  caiu em dificuldade e João trabalhava na muralha e doava seu salário para sustentar o fidalgo e sua família. 
Depois de uma crise espiritual  profunda  vai para Gibraltar sob conselho de um frade. Lá estabiliza-se tornando-se vendedor ambulante de livros. Quando arranjou dinheiro suficiente partiu para Granada na intenção de tornar fixo seu negócio.
Lá a sua vida dá uma guinada total. No dia da Festa de S. Sebastião, foi à santa missa e ao ouvir o Sermão do Mestre João Ávila percebeu que ali o Senhor esperava por ele.
Acabado o sermão, saiu dali como que  fora de si, suplicando, em alta voz a misericórdia de Deus. Desfez de todos os seus bens, e foi viver despojado de tudo para assim seguir a Cristo. 
Muitas pessoas viram nessa atitude de João um ato de loucura a ponto de interná-lo no Hospital Real como louco, este hospital mantinha esse tipo de internação. Más é lá no hospital que vive na sua carne o desprezo e o sofrirmento daqueles que estavam internado pela loucura.
"Vendo castigar os doentes que estavam loucos, a viver, com ele, dizia "Jesus Cristo me conceda tempo e me dê a graça de eu ter um hospital, onde possa recolher os pobres desamparados e faltos de juízo, e servi-los como desejo"
Ao sair de lá começou a recolher os doentes na rua, transportava-os nas costas, e com ajuda de algumas pessoas alugou uma casa. A graça de tornar realidade o seu propósito de ter um Hospital começava a ser concedida por Jesus. 
Para João de Deus, o hospital é um lugar sagrado, uma casa de Deus. E para seguir no seu propósito sentiu mais uma vez o peso do esvaziamento devido as dívidas que fora contraída para construção do hospital e tratamento dos doentes.
"Estou tão empenhado em tanta necessidade que nem sei o que fazer... Vendo-me tão empenhado que muitas vezes nem saio de casa pelas dívidas que tenho"
Pouco antes de morrer o Arcebispo de Granada que muito o protegia, visitou-o e Celebrou Missa nos seus aposentos e administrou-lhe o Sacramento dos Enfermos.
João procurou deixar tudo em ordem e por isso deixou como seu sucessor Antonio Martin e no dia 08 de março de 1550, com o crucifixo nas mãos morreu abraçado à cruz redentora.
Em 16 de outubro de 1690 foi canonizado e em 27 de maio de 1886 o papa Leão XIII proclamou-o patrono dos hospitais e enfermos e em 28 de agosto de 1930 o papa Pio XI o proclamou patrono dos enfermeiros.
João de Deus percorreu um caminho espiritual que começou pela dureza do despojamento indo até a loucura que o contagiou com o amor de Cristo, na qual imitando o Mestre, chegou a uma identificação mística com os mais pobres, assumindo o seu opróbrio e as sua dividas até a morte.

Fonte:
- São João de Deus: Imagens da sua vida e ressonâncias da sua Obra, texto de Nuno Ferreira Filipe           - Cartas de S. João de Deus e síntese da sua vida, texto de Moreira Andrade.

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